Processo de envelhecimento e o sono

No processo de envelhecimento, o sono sofre mudanças quantitativas e qualitativas que são percebidas pelo idoso como perturbações e podem ser apresentadas na forma de queixas.

São elas:

• Dificuldade em manter o sono noturno (os idosos demoram para adormecer e acordam várias vezes durante a noite).

• Percepção do sono como mais leve e menos satisfatório (menor eficiência do sono).

• Despertar muito precoce.

Sugestões para um sono de melhor qualidade Não existem “receitas” de como dormir melhor, e sim alternativas de tratamento não farmacológico para a obtenção de sono de melhor qualidade que podem ser utilizadas e adequadas às peculiaridades do sono daquele indivíduo, com resultados que variam bastante de uma pessoa para outra.

Cabe ao cuidador atuar na promoção da denominada higiene do sono, conjunto de hábitos e comportamentos que auxiliam a melhorar ou manter a qualidade do sono. Envolve hábitos regulares, desenvolvimento de atividades físicas e ambiente físico adequado para dormir. A manutenção de hábitos regulares contribui para um sono menos fragmentado e de melhor qualidade.

Idosos com sono muito interrompido e sonolência diurna excessiva devem estabelecer horários e rotinas regulares para deitar-se e despertar, além de horários de refeições, lazer, realização de atividade física e outros.

Hábitos que sinalizem a aproximação do horário de dormir (preparo do leito, roupa apropriada, banho morno) são especialmente importantes. Os cochilos ou a sesta (que resultam em maior sensação de bem-estar) podem ser inseridos em horário regular como parte da rotina diária, o que não vai interferir na fragmentação do sono noturno.

A ingestão de alimentos leves antes de dormir não costuma ser prejudicial para o idoso, especialmente se é um hábito antigo e se ele não possui disfunções do trato alimentar, como refluxo gastroesofageano, caso em que deve ser contraindicada, pelo maior risco de aspiração.

A ingestão de líquidos deve ser restrita a algumas horas antes de deitar-se, sobretudo na presença de noctúria (levantar à noite para urinar) ou de incontinência urinária. Recomenda-se que os diuréticos sejam tomados pela manhã.

Não há comprovação de que o leite auxilie a conciliar o sono. Bebidas com cafeína (café, chá-preto e mate, achocolatados e refrigerantes à base de cola), por suas propriedades estimulantes, precisam ser evitadas em horários próximos ao de dormir. O mesmo se aplica a cigarros (efeito estimulante) e álcool (provoca sonolência inicial, mas prejudica a qualidade do sono).

A exposição à luminosidade solar contribui para a regularização do ritmo circadiano de secreção da melatonina e para a consolidação do padrão de sono do idoso.

O ambiente físico deve proporcionar conforto, segurança e permitir o contraste entre o dia e a noite. Conforto envolve a avaliação das condições do mobiliário (bom estado de conservação), colchões, travesseiros e roupas de cama (macias e bem esticadas), iluminação (indireta, de baixa intensidade), temperatura do ambiente (temperaturas muito baixas ou muito elevadas são fatores de perturbação do sono) e presença de ruídos (ambientes ruidosos provocam redução da quantidade de sono de ondas lentas, respostas cardiovasculares, como taquicardia e vasoconstrição, e interrupção do sono). Segurança envolve a tranquilização da pessoa idosa.